Estréia em 1974 pela Iso Malboro, equipe de Frank Williams | Foto: Arquivo
A França é o quarto país com maior número de pilotos na Formula 1, mas curiosamente apenas um de seus representantes atingiu o ápice ao ganhar quatro títulos na categoria. Alan Prost, também conhecido como professor, foi o primeiro e talvez por ainda muito mais tempo o único francês a levar pra casa um caneco. Enquanto isso uma lista infindável de Mitos franceses passa e não leva absolutamente nada engordando a já cheia lista. Já vimos o grande Jean Alesi e essa semana o Mendigos traz o Sr. Jacques Laffite. Talvez alguns não se lembrem, especialmente os que acompanham a Formula 1 apenas a partir dos anos 80, mas esse francês já fez muita história na F1.
Por que ele é um Mito da F1?
E põe história nisso...
Jacques Laffite iniciou sua carreira na Formula 1 no final da temporada de 1974 pela Iso Malboro, hoje conhecida como Williams. A equipe era nova na oportunidade e não levou Laffite mais longe do que um 15º lugar no GP do Canadá. No ano seguinte, já com o nome de Williams, conseguiu abocanhar um segundo lugar, mas isso foi tudo naquele ano.
Em 1976 a história foi diferente, Jacques Laffite mudou para a Ligier. A “fabriqueta” francesa de carros estreou na categoria naquele ano com um bólido misto de ridículo com apavorante. Mas foi nessa hora que o Mito apareceu. Ainda nesse ano conseguiu arrancar uma pole e um segundo lugar com um impressionante desenvolvimento do carro. Em 1977 levou a sua primeira vitória que foi também o primeiro sucesso totalmente francês na categoria (equipe e piloto).
O carro não era dos melhores, mas Jacques Laffite foi um dos mais competentes pilotos da história da Formula 1. Abriu o campeonato com chave de ouro ganhando as duas primeiras corridas e disputou o título até o final. Não conseguiu completar as três últimas corridas e acabou mesmo em 4º lugar. Mas seu talento foi bastante reconhecido na oportunidade.
Tributo a Jacques Laffite - Fonte: Video YouTube
Por que ele nunca ganhou?
Seria se fosse, mas não foi...
Sabem quando o Rubens fala que não ganhou por causa do carro e etc, pois bem, ele não tem razão. Mas o Sr. Laffite nunca foi muito dessa conversa, mas esse sim poderia falar do carro. Ele corria bem, chegou a disputar o título em 79. Em 80 e 81 chegou e levar o carro ao quarto lugar geral inclusive com vitórias. Poderia ter ganhado, mas não chegou nem perto. Nessa época a F1 era um celeiro de lendas e aí ele começou a sofrer do mesmo problema que os outros Mitos Que Nunca Ganharam Nada. Era duro ser mito e não ter carro pra competir com Lauda, Piquet, Prost e outros.
Depois de uma frustrante temporada sem vitórias em 1982 ele voltou ao time do chapa Frank Williams em 1983. Aquele carro havia dado o título de 1981 a Alan Jones e Keke Rosberg em 1982. Era a chance de Laffite pegar o seu num carro que faria história, mas seu mau agouro apenas o levou a duas temporadas ridículas no bólido inglês. Talvez essa fosse a última cartada aplicada, e sem sucesso.
De volta a Ligier em 1985 Jacques Laffite chegou a recuperar um pouco do seu “mojo” (vide Austin Powers). Mas durante os treinos para a corrida de Brands Hatch ele sofreu um grave acidente que o impediu de continuar na Formula 1. Talvez não fosse o acidente seu sucesso seria infinitamente maior, já que era um piloto muito competente, acima da média. Mas como eu sempre digo: “seria se fosse, mas não foi!”
Qual foi seu melhor momento?
C était un rendez-vous…
Claude Lelouch, compatriota de Laffite, produziu em 1976 o filme C était um rendez-vous (literal para “Era Um Encontro”). Resumo da ópera é que o cidadão basicamente pegou sua câmera, “pluguetou” no pára-choque dianteiro do seu carro e saiu dirigindo de forma bastante “agressiva” nas ruas de Paris. Como o “motorista” que dirigiu o carro não apareceu na câmera, acreditou-se por muito tempo que se tratava dele mesmo, Jacques Laffite.
Ser apontado como o camarada do filme certamente lhe rendeu mais fama do que seu sucesso nas pistas! Bem, ele ganhou a primeira corrida totalmente francesa na F1, disputou título, andou na frente, mas importante mesmo para um Mito e fazer parte de um mito.
Só um detalhe importante sobre esse mito (do piloto do carro, claro). Não era ele, nem o Jackie Ickx, como alguns disseram e sim o próprio Claude Lelouch que estava ao volante durante as filmagens.
Volta no GP de Monza narrada em inglês - Fonte: Video YouTube
Por onde anda agora?
Após o acidente que o tirou da Formula 1 Laffite ficou um bom tempo parado. Após recupera-se ele ainda disputou diversas categorias de carros de turismo, porém nenhuma com o mesmo sucesso da F1.
Atualmente continua ainda ligado ao automobilismo como comentarista televisivo na França.
Jacques Laffite em números:
Anos em atividade: 1974 - 1986 Equipes: Iso Malboro, Ligier, Williams Grandes Prêmios: 180 Campeonatos: 0 (claro) Vitórias: 6 Pódios: 32 Poles: 7 Voltas Mais Rápidas: 6 Pontos: 228 Primeiro GP: 1974 – GP da Alemanha Primeira Vitória: 1977 – GP da Suécia Última Vitória: 1981 – GP do Canadá Último GP: 1986 – GP da Inglaterra
Mais sobre o mito em: jaclaffite.free.fr (em francês, não oficial)